Eletricitários convocam ato contra acordo que ratifica privatização da Eletrobras

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Categoria quer evitar que Executivo desista de ação no STF sobre venda da estatal

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) vai realizar nesta terça-feira (20), em Brasília, um ato público contra um acordo que pode ratificar a perda de poder do governo sobre a Eletrobras, privatizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. O acordo pode encerrar uma ação movida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre as condições da venda da estatal.

Advocacia Geral da União (AGU) acionou o STF com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7385, que busca garantir que o governo mantenha na Eletrobras poder de voto compatível com sua participação acionária na ex-estatal, que caiu de 65% para 43% com a privatização. A lei que autoriza a venda das ações da Eletrobras fixou também que o governo ou qualquer outro acionista tem poder de voto limitado a 10%.

O processo aberto pela AGU ainda não foi julgado. Segundo o CNE, informações que circulam na imprensa indicam que o governo estaria disposto a abrir mão do poder de voto na ex-estatal em troca de um pagamento antecipado da Eletrobras à União.

Eletrobras precisa repassar à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) cerca de R$ 30 bilhões até 2047 – 25 anos após sua privatização. A CDE é um fundo que acaba subsidiando as contas de luz de consumidores nacionais. No acordo, a Eletrobras adiantaria parte do que ela tem de pagar para que o governo possa reduzir a tarifa de energia da população e para encerrar a disputa no STF.

O governo aceitaria, portanto, manter só 10% do poder de voto na empresa.

Para os eletricitários, o acordo é ruim porque dá mais liberdade para os compradores da Eletrobras para fazerem da ex-estatal uma companhia voltada prioritariamente ao lucro. Por isso, eles decidiram ir à AGU cobrar que o acordo não seja feito.

O ato do CNE ocorre em frente à sede do órgão, em Brasília (Quadro 3 Lote 5), a partir das 9h30.

O coletivo lembrou que o próprio Lula chamou a privatização da Eletrobras de escárnio em janeiro deste ano. Por isso, um acordo é inconcebível para os eletricitários.

“O CNE, que representa os eletricitários de todo o país, repudia veementemente este acordo e apoia irrestritamente a ADI 7385 e entende que a mesma deve ser julgada pelo STF, caso um possível acordo não contemple a retomada do poder de voto da União, proporcional às ações que detém da Eletrobras”, escreveram os trabalhadores.

O CNE, que representa 34 sindicatos, sete federações, uma confederação e quatro associações do setor elétrico.

Edição: Nicolau Soares

FONTE: BRASIL DE FATO