LUTA DOCENTE – Unidade e mobilização pós-greve pautam luta por direitos e em defesa da educação no 2º semestre

  • Compartilhe

Passada a greve que mobilizou professoras e professores da ADUFC e de mais de 60 instituições federais de ensino superior (IFES), o movimento sindical docente se reorganiza na luta por direitos e em defesa da educação pública. O segundo semestre iniciou-se com a desastrada aprovação do Novo Ensino Médio na Câmara Federal e exige atenção da sociedade para o que está por vir, como a tramitação da reforma tributária, o retorno da contrarreforma administrativa (PEC 32/2020) e a desastrada aprovação do Novo Ensino Médio (NEM) na Câmara Federal. Para docentes da Diretoria da ADUFC, a greve trouxe ganhos de unidade e organização sindical que precisam ser mantidos e intensificados nos próximos meses.

“No segundo semestre, nós continuamos na luta por recomposição orçamentária das universidades federais. O valor da recomposição anunciado pelo governo federal em 10 de junho está bem abaixo do que foi apresentado pela ANDIFES como o montante necessário para recuperar a infraestrutura e suprir necessidades de custeio das instituições”, aponta a presidenta da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira. “E esse é um tópico importante para a categoria docente porque impacta diretamente nas condições de trabalho”, acrescenta.

Ainda na avaliação da docente, a categoria precisa continuar cobrando para que os grupos de trabalho previstos no acordo com o governo sejam instalados e realmente funcionem. “Enfim, acompanhar o cumprimento de todos os termos do acordo assinado com o governo federal”, resume. O movimento sindical também deve acompanhar, de forma mobilizada, a votação do PNE no Congresso Nacional “para tentar avanços e evitar retrocessos na votação que ocorrerá em um Congresso extremamente adverso aos direitos sociais”, sinaliza Irenísia.

A secretária-geral da ADUFC, Profª. Maria Inês Escobar, diz esperar do restante de 2024 coragem, imaginação e unidade. “Coragem porque o cenário exige que nos movimentemos contrários à acomodação capitalista; imaginação porque precisamos formular saídas à esquerda, projetar e oferecer a novidade no campo do trabalho, da democracia e da reconstrução das universidades; e unidade porque o sentimento mais desagregador da classe trabalhadora reside na lógica individualista”, defende, alegando ser fundamental que movimentos sociais e sindicais dominem “de maneira mais eficaz o debate econômico para eleger defensores da educação neste ciclo eleitoral que se inicia nos municípios”.

Pautas locais e fortalecimento das forças da Educação

O fortalecimento dessa atuação sindical deve ser impulsionado pela ampliação da mobilização que reuniu docentes de IFES de todo o Brasil na Greve Docente Federal. É o que pensa o Prof. Roberto da Justa, vice-presidente da ADUFC. “A reocupação das ruas e dos espaços públicos também foi importante e trará repercussões, assim como o diálogo com a sociedade. Com isso, teremos para o segundo semestre um movimento sindical mais consistente e consciente na luta e em defesa do trabalho docente e da educação pública em todos os níveis”, opina.

A análise é corroborada por Maria Inês Escobar. “As pautas locais movimentaram as reuniões semanais dos Comandos de Greve da UFC, UFCA e UNILAB. Seguiremos fortalecendo o diálogo com as reitorias, pois muitas mudanças são necessárias nesta retomada da educação superior pública”, diz. E complementa: “Outras pautas prioritárias nos desafiam, como a garantia da eficiência da política de cotas nos concursos públicos, a saúde docente e discente pós-pandemia, as ondas fascistas e o repasse real de 2% do orçamento estadual para a pesquisa (FUNCAP), previsto na Constituição Estadual”.

Ainda em âmbito local, a ADUFC participará da estruturação do Fórum Cearense em Defesa da Educação Federal, criado oficialmente em 4 de julho último. No momento, as entidades se organizam para indicar os membros da coordenação do Fórum, que irá se reunir mensalmente e definir agendas de lutas comuns. A expectativa é que a primeira reunião ocorra no início de agosto. “Nessa ocasião, iremos analisar a conjuntura e definir as pautas e ações prioritárias na defesa da educação federal”, explica Irenísia, citando a formação política como um dos objetivos centrais do fórum. “É muito animador saber que travaremos essas lutas de maneira articulada com outras categorias da educação”, comemora.

De acordo com Roberto da Justa, outras atividades a serem impulsionadas nos meses que seguem são o fortalecimento dos Grupos de Trabalho temáticos da ADUFC e a intensificação da presença do sindicato nas unidades acadêmicas, com visitas aos campi e participação nas reuniões de departamentos. “Precisamos estar permanentemente mobilizados e politicamente preparados para o debate e o enfrentamento das ameaças à educação pública, exigindo mais orçamento e investimento e melhores condições de trabalho”, reforça.

De 26 a 28 de julho, o Sindicato Nacional realiza seu 67º CONAD, em Belo Horizonte (MG), do qual a ADUFC participa, com o tema “Fortalecer o ANDES-SN na luta por orçamento público, salário e em defesa da natureza”. Com caráter deliberativo, o evento contará com debates sobre a conjuntura e aprovação da agenda nacional de lutas da categoria docente.

FONTE: ADUFC