Movimentos levam comida a famílias que reviravam caminhão de lixo em Fortaleza

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Grupos se organizaram para doar cestas básicas em bairro da capital cearense. Muitos produtos vieram de acampamentos e assentamentos do MST

Um grupo de movimentos se organizou para doar alimentos a famílias de um bairro de Fortaleza, cujas imagens correram o país, mostrando pessoas buscando restos de comida em um caminhão de lixo. A ação solidária, ontem (20), levou 20 cestas básicas aos moradores. Parte desses alimentos veio de assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Foram distribuídos itens como arroz, feijão, abóbora, farinha, coco e rapadura de caju, entre outros.

“Aqui, nós não temos como garantir nosso alimento, então a alternativa é vir esperar o carro do lixo passar, catar os alimentos que são descartados pelos supermercados”, contou Maria de Lourdes, moradora de Vicente Pinzon – originariamente uma região de pescadores, hoje um bairro rico da capital cearense. “É isso, ou não ter nada pra comer. A gente passa a manhã toda esperando no sol e, às vezes, nem água pra beber. Queremos trabalho. A falta de alimento, a fome bate na nossa porta todos os dias, então agradeço muito a vocês pela ajuda.”

“Nós não podemos encarar isso com naturalidade”, diz Gene Santos, da direção nacional do MST no estado. “É com muita indignação que nós vimos as imagens em que homens e mulheres recolhem comida do lixo para se alimentar. Então, diante dessa situação estamos mais vez realizando uma ação de solidariedade. Mas principalmente uma ação de denúncia para demonstrar que este é um problema grave que precisa ser encarado com políticas públicas para resolver a situação da fome”, acrescenta. Ela cobra política de reforma agrária “de verdade”, com distribuição de terras, acesso à agua, medidas para criação de empregos.

Distribuição de alimentos

Além do MST, a ação realizada ontem envolveu o Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD), Consulta Popular (CP), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e Levante Popular da Juventude (LPJ). São ações feitas pelos sem-terra desde o início da pandemia. Eles estimam que, ate agora, foram distribuídas 5 mil toneladas de alimentos e aproximadamente 1 milhão de marmitas pelo país.

Para Joyce Ramos, dirigente da CP, a carestia e a fome fazem parte de um “projeto de fome” do governo. “Pensando nisso, os movimentos, as organizações populares vêm se solidarizando com as famílias mais pobres a fim de que a gente possa amenizar a situação dessas famílias e pensar alternativas para estas saírem da miséria”, afirma.

Fonte: Rede Brasil Atual