O Instituto Novo Pensamento Econômico desenvolveu uma metodologia inovadora para avaliar a percepção de risco.
À medida em que aumentam as bolhas pelo mundo, aumenta a preocupação com contágios financeiros. Principalmente após os problemas nas cadeias globais de produção e no ritmo diferenciado de recuperação das economias nacionais. Por esse conjunto de fatores, quantificar risco-país continua sendo um desafio.
O Instituto Novo Pensamento Econômico desenvolveu uma metodologia inovadora para avaliar a percepção de risco. Aplicou um processamento de linguagem natural às transcrições de teleconferências de empresas de capital aberto em todo mundo. A partir daí, construiu um índice de riscos e oportunidades em cada uma das 45 principais economias do mundo.
Segundo o estudo, a metodologia permite separar riscos globais daqueles específicos de países. De um lado, permite vincular o risco-país – confirmado percebido por executivos e investidores globais – aos fluxos de capital, preços de de ativos e decisões em nível de empresa. De outro lado, a metodologia permite testar diretamente a natureza do contágio entre o risco do país estrangeiros e as decisões de investimento e emprego no nível da empresa doméstica. Com tais análises, pode-se medir, decompor e diagnosticar picos repentinos no risco-país.
A partir daí, o estudo chega a algumas conclusões, algumas óbvias:
Os estudos constatam que os movimentos dos fluxos globais de capital dependem de um fator específico de país – o chamado risco-país. O que influi nesse movimento de capitais e de spreads de créditos soberanos é a percepção das empresas estrangeiras, e não a das domésticas
O risco-país elevado está associado a reduções no investimento e no emprego das empresas sediadas no país. Mas há efeitos não homogêneos na maneira como os eventos externos impactam resultados da companhia. No entanto, o “contágio ” (denominação do transbordamento dos efeitos do risco país para os resultados da empresa) não são identificados pelas relações cliente-fornecedor ou pelos investimentos externos observáveis da empresa.
O trabalho analisou três eventos de impacto global: a crise financeira grega (2010-2012), o golpe contra Erdogan (2016), o desastre nuclear de Fukushima (2011).
A crise grega se transmitiu predominantemente em outros países da União Europeia; o golpe turco afetou empresas russas e italianas; Fukushima afetou produtores australianos de urânio à fabricantes franceses de componentes, além de segurados sediadas nas Bermudas e Hong Kong.
Finalmente, o trabalho utilizou as medidas de risco-país e risco global para identificar conexões entre risco global e taxas de câmbio. E constata que, em períodos de turbulência global, há valorização imediata do dólar americano, euro e iene japonês.
FONTE:GGN
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