9 em cada 10 acordos salariais em 2024 tiveram reajustes com ganho real, mostra Dieese

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É preciso dar ampla e potente divulgação à estas relevantes informações, contra a onda de pessimismo da grande imprensa sobre dados da economia brasileira. É o caso dos acordos salariais de 2024.

Ao menos 85%, ou quase 9 em cada 10 negociações salariais, em 2024, garantiram reajustes acima da inflação para os trabalhadores. Isto é, tiveram ganho real — que é a reposição da inflação, com aumento real de salário. Esta e outras informações constam do Boletim de Olho nas Negociações 52, de janeiro.

Trata-se do maior percentual anual desde 2018, segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), divulgado na última quinta-feira (23). Relevante não esquecer que 2018 foi o primeiro ano do governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) — agosto de 2016-2018 —, sucedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro — 2019-2022.

Reajustes iguais à inflação
Ao mesmo tempo, 11,4% das negociações tiveram reajustes iguais à inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), enquanto 3,6% ficaram abaixo do indicador.

Considerando todos os reajustes, o ganho real médio do trabalhador subiu 1,37% em 2024, o que configura a maior alta já registrada pela pesquisa iniciada em 2018 pela entidade que assessora economicamente o movimento sindical.

Ganho real disseminado entre os setores
A indústria (85,8%) e o setor rural (86,6%) lideraram a presença de aumentos reais no ano passado, embora os acréscimos tenham sido amplamente distribuídos entre as atividades econômicas.

Os reajustes acima da inflação representaram cerca de 85% das negociações de cada setor.

Por outro lado, o comércio registrou percentual inferior, com 81,5% dos acordos apresentando ganhos reais. As negociações com perdas reais variaram entre 2,8% no comércio a 5,1% no setor rural.

Setor de serviços teve maior ganho real médio
Apesar de a indústria apresentar o maior número de reajustes reais, o setor de serviços foi o que garantiu o maior ganho real médio sobre os salários, com 1,5%.

Na sequência, aparecem o setor rural, com 1,4%; a indústria, com 1,32%; e o comércio, com 0,96%.

Por regiões, o Nordeste foi a única área onde menos de 80% das negociações garantiram ganhos reais, com registro percentual de 79,4%.

Nas demais regiões do País, os aumentos acima da inflação ocorreram em cerca de 85% dos casos.

A inflação oficial fechou 2024, com alta de 4,84%. Para janeiro deste ano, o Dieese estima que o percentual necessário de reajuste salarial seja de 4,77%.

FONTE: DIAP