Combinação de juros elevados e dívida pública relativamente alta é apontada como um obstáculo ao crescimento econômico
O Brasil é o país entre as grandes economias que mais destina recursos ao pagamento de juros da dívida pública, em proporção ao seu Produto Interno Bruto (PIB). Em 2023, a dívida pública brasileira ultrapassou 84,7% do PIB. A informação consta de um relatório do Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), que foi enviado à Cúpula dos Líderes do G20, realizada no Rio de Janeiro a partir dessa segunda (18).
Em 2023, segundo o IBGE, o PIB brasileiro foi de R$ 10,9 trilhões. Na estimativa do FSB, o país despendeu R$ 649 bilhões em juros da dívida pública, o que equivale a 6% do PIB. A Argentina, cuja dívida pública atingia 154,5% do PIB (quase o dobro do Brasil), pagou juros equivalentes a 2,4% do PIB. Já o Japão, com uma dívida pública de 252,3% do PIB, pagou juros equivalentes a apenas 0,12% do PIB.
Enquanto nos países ricos a média dos juros está entre 1% e 3% do PIB, a taxa brasileira é quase o dobro da de muitas economias com maior capacidade de endividamento. A combinação de juros elevados e dívida pública relativamente alta é apontada como um obstáculo ao crescimento econômico
Com os juros e o custo da dívida pública tão elevados, a capacidade do país de investir para seu desenvolvimento econômico e social fica comprometida, aponta o relatório.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), encerrada em 6 de novembro, o Banco Central, sob a liderança do neoliberal Roberto Campos Neto, anunciou o aumento da Selic (taxa básica de juros) de 10,75% para 11,25% ao ano.
Para o Partido dos Trabalhadores, o relatório do FSB “é mais uma confirmação do estrago causado às contas governamentais e à economia brasileira pela política monetária adotada pelo Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto”.
O partido ainda lembrou, em nota no site oficial, que o pagamento do juros da dívida pública [R$ 649 bilhões] “soma quatro vezes maior que o orçamento anual do Bolsa Família, principal programa do governo Lula voltado ao combate à pobreza e à fome.”
“Esses dados confirmam que a raiz do desequilíbrio das contas públicas está nos gastos com os juros praticados pelo mercado financeiro, o mesmo que, com o apoio da mídia corporativa, cobra do governo a promoção de cortes em políticas fundamentais para a melhoria das condições de vida da população, enquanto multiplica seus lucros com a especulação”, afirmou a legenda.
Na visão do FSB, as preocupações com os encargos de juros pagos pelos governos estão, em parte, relacionadas ao risco de políticas fiscais expansionistas contínuas e ao aumento esperado da dívida pública em diversos países no médio prazo. Isso pode gerar a possibilidade de uma elevação abrupta nos prémios de risco, o que resultaria em um aumento significativo nos custos da dívida pública.
Com informações do Valor Econômico e PT
FONTE: JORNAL GGN