Faltando pouco mais de três meses para o encerramento do mandato, o modelo de gestão de Campos Neto nas questões referentes aos servidores do Banco Central do Brasil por certo não deixará saudades. Defesa de um ajuste fiscal centrado no arrocho aos servidores públicos e do congelamento de concursos – fruto da “dobradinha” com o ex-ministro Paulo Guedes -, promessas de diálogo não cumpridas e desapreço à opinião do corpo funcional, entre outras mazelas.
Uma falácia norteou todo o período Campos Neto: a de que faltava “autonomia” para agir em prol dos servidores. Listamos a seguir algumas situações em que o presidente do BC tinha plenos poderes para agir, mas não o fez:
Campos Neto se negou a trabalhar pela tentativa de um acordo no pleito histórico dos 28,86%. Bastava a assinatura para que a Advocacia-Geral da União iniciasse a mediação do assunto;
Campos Neto não acompanhou de forma mais próxima a busca de resolução dos problemas do Programa de Assistência à Saúde dos Servidores do Banco Central. Se tivesse se empenhado diretamente no acompanhamento periódico das questões de gestão e na busca de soluções, isso (somado ao grande empenho e à alta qualidade técnica dos colegas que trabalham no Depes com o Programa) teria feito o nosso PASBC estar hoje em patamar muito superior;
Campos Neto não se voluntariou a encaminhar ao governo o projeto contendo a Retribuição por Produtividade Institucional (RPBC) em 2022. O envio só ocorreu após forte pressão dos servidores, que estavam fortemente mobilizados à época. A falta de proatividade do chefe da Autarquia quanto ao tema prejudicou a promoção de um debate aprofundado junto ao Executivo;
Campos Neto, no Congresso Nacional, fugiu dos representantes dos servidores. Cercado de seguranças, o presidente do BC, mais uma vez, se mostrou relutante a dialogar com os representantes da categoria;
Campos Neto se omitiu na questão do fornecimento de informações detalhadas sobre o benefício especial devido àqueles que migraram para o RPC. Uma determinação no sentido de as informações serem fornecidas poderia ter evitado transtornos, uma vez que o SINAL precisou acionar na Justiça e garantir liminar para que o assunto fosse resolvido;
Campos Neto se omitiu na questão do impedimento de os colegas grevistas poderem compensar os dias de recesso de fim de ano em 2023 antes da compensação dos dias da greve. Uma determinação no sentido de permitir a adequada compensação poderia ter evitado também este transtorno, mas o SINAL novamente precisou acionar a Justiça e assegurar liminar para que o assunto fosse resolvido;
Campos Neto não cumpriu a promessa, feita em 2023, de maior diálogo com os servidores. Ao contrário, simplesmente interrompeu as conversas com os representantes dos servidores, demonstrando claramente o seu descaso com a categoria.
É necessário reiterar que, em nenhuma das situações acima, faltou “autonomia” para Campos Neto. Faltaram, sim, boa vontade e competência gerencial.
Fato é que, como estamos próximos ao fim do mandato de Campos Neto, urge a necessidade de um grande esforço de todos os servidores para impedir que o modelo de (má) gestão implementado se perpetue e gere repercussões ainda mais perniciosas para o clima organizacional e o futuro da Instituição. É preciso combater qualquer resquício desta herança indigna.
E não é com promessas falaciosas que haverá avanços: a nova Diretoria do BC a ser formada precisa trabalhar ativamente na busca de soluções reais para os problemas concretos do BC, e não propagar soluções “mirabolantes”, porém enganosas. Isso envolve, obviamente, uma discussão franca e permanente entre a direção da Casa e todos os segmentos da categoria, ativos, aposentados e pensionistas, sobre os temas que lhes dizem respeito. Neste sentido, o SINAL, legítimo representante dos servidores do Banco Central do Brasil, reafirma a importância de que haja uma disposição da Administração do BC em debater todas as questões, de maneira democrática e permanente, para que os melhores termos sejam alcançados.
Deixamos, desde já, sugestão concreta sobre um tema que está em voga. A Diretoria do BC deve garantir que o trabalho remoto no BC seja a regra de atuação. Somente em casos excepcionais deve-se admitir o contrário. A administração deve atuar interna e externamente a fim de garantir tal premissa. Se houver boatos de que o trabalho remoto pode acabar por conta de pressões externas ou pela não aprovação de algum projeto no Congresso Nacional, a Diretoria do BC deve ser a primeira a vir a público desmentir tais engodos e garantir a atuação incessante em favor dos seus servidores.
O SINAL, por fim, deixa clara a sua posição: lutará incansavelmente pela manutenção do trabalho remoto para todos e adotará todas as medidas necessárias para impedir quaisquer retrocessos relativos ao assunto.
FONTE: SINAL