Pesquisa da Unicamp e Cesit destaca impactos da escala 6×1 na saúde mental e propõe mudanças na legislação trabalhista
Um estudo publicado pelo centro de pesquisa Transforma, da Universidade de Campinas (Unicamp), em parceria com o Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), revela que o Brasil está preparado para reduzir a jornada de trabalho para 36 horas semanais, com adoção da escala 4×3 (quatro dias trabalhados e três de descanso).
A proposta, embasada em dados socioeconômicos e entrevistas com sindicalistas, defende que a mudança melhoraria a qualidade de vida, reduziria a desigualdade de gênero e impulsionaria a economia.
“Situada no centro da luta entre capital e trabalho, a diminuição da jornada sem redução salarial é um passo fundamental contra a exploração da classe trabalhadora. A reivindicação pela redução da jornada de trabalho trata-se de um movimento histórico e basilar da luta popular e do sindicalismo, pautado na busca por condições dignas de trabalho e de vida”, aponta o documento.
Destaques do estudo:
A PEC 36 horas
Protocolada em fevereiro de 2025 pela deputada Érika Hilton (PSOL-SP), a proposta visa alterar a Constituição Federal para limitar a jornada a 8 horas diárias e 36 semanais, com implementação gradual em um ano.
A mudança atingiria 37% dos trabalhadores formais (38,4 milhões) e geraria impacto indireto em informais.
“A redução da jornada de trabalho é uma bandeira histórica da classe trabalhadora e encontra respaldo em movimentos globais que buscam melhorar a qualidade de vida das trabalhadoras e dos trabalhadores. Além disso, essa medida pode gerar novos postos de trabalho, contribuindo para a redução do desemprego e da informalidade”, defende Marilane Teixeira, economista e uma das autoras do estudo.
Como resultado, a pesquisa sugere que “a redução da jornada de trabalho é uma medida não apenas viável, mas essencial para promover a saúde ocupacional, a estabilidade no mercado de trabalho e uma redistribuição mais equitativa da renda. As experiências de empresas que já implementaram jornadas reduzidas mostram que é possível equilibrar produtividade e bem-estar”.
O estudo também tem como autoras Clara Saliba, economista e coordenadora do Transforma-Unicamp; Carolina Lima e Lilia Bombo, graduandas em Ciências Econômicas da Unicamp e integrantes do centro de pesquisa.
Leia a íntegra do estudo no link: https://transformaeconomia.org/wp-content/uploads/2025/04/NT13-PT.pdf
FONTE: DIAP