Trabalhadores querem tributação de fortunas e reforma agrária, diz CASB

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Pesquisa do CASB traça perfil sobre as classes trabalhadoras, e indica que discurso de meritocracia está perdendo força

Os trabalhadores brasileiros são favoráveis à realização da reforma agrária e ao projeto de tributação das grandes fortunas, segundo pesquisa divulgada pelo Centro de Análise da Sociedade Brasileira (CASB).

Denominado “As Classes Trabalhadoras”, o estudo foi elaborado com o objetivo de aprofundar a compreensão da realidade do país, além de identificar desafios para ampliar um projeto democrático e popular.

O documento revela que somente 20% dos brasileiros são contra a taxação de grandes fortunas. De acordo com o estudo, 53% são a favor da medida, 20% são contra, 16% não concordam nem discordam e 12% não sabem ou não responderam.

Entre os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é contrário a esse tipo de taxação, 40% concordam com a medida, 20% não concordam nem discordam, 33% discordam e 9% não sabem ou não responderam. 

A pesquisa também avaliou a opinião sobre a reforma agrária: 40% dos brasileiros concordam, 20% não concordam nem discordam, 27% são contra e 13% não sabem ou não responderam.

Direitos do trabalhador

Segundo o documento, 67% dos entrevistados se identificam como trabalhadores e 4% se declaram empreendedores.

Ao mesmo tempo, 51% estão insatisfeitos com a renda atual, tanto que três em cada 10 trabalhadores ouvidos executam mais de uma atividade para complementar a renda.

Dentre aqueles que trabalham por conta própria, 64% têm medo de ficarem incapacitadas ao trabalho.

Os direitos trabalhistas são igualmente valorizados pelos entrevistados:

  • 79% gostariam de ter acesso ao FGTS e 69% ao seguro-desemprego
  • 19% nunca participaram de sindicatos, mas gostariam de ter a experiência
  • 33% estariam dispostos a fazer contribuição financeira a alguma entidade sindical
  • 55% votariam em representantes de sua categoria para cargos ao Executivo e Legislativo

“A ideologia do empreendedorismo parece que está perdendo força e a percepção de ascensão social das pessoas se dá pela renda”, disse a coordenadora da pesquisa, Jordana Dias Pereira, que integra o CASB.

Outros dois resultados encontrados foram o potencial de organização coletiva e a disputa de valores, com uma maioria que aprova políticas de justiça social. De acordo com Matheus Toledo, que também integra o CASB e tratou dos dois temas, a disputa por esses trabalhadores é algo que precisa ser feita.

Foram realizadas 4017 entrevistas com público representativo da população adulta brasileira que vive do trabalho, de 18 a 55 anos, entre 22 de novembro e 10 de dezembro de 2023.

Também foi feita uma pesquisa qualitativa com 14 grupos focais presenciais com trabalhadores de empresas de plataforma da cidade de São Paulo e Região Metropolitana.

O Centro de Análise da Sociedade Brasileira (CASB) é uma parceria que reúne a Fundação Perseu Abramo, Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, Fundação Mauricio Grabois e Fundação Rosa Luxemburgo.

Veja abaixo a íntegra da pesquisa “As Classes Trabalhadoras”


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Fonte: Jornal GGN