Taxar grandes fortunas pode ser uma das alternativas para minimizar a disparidade entre ricos e pobres no Brasil
De acordo com o titular da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, o Brasil tirou 24,8 milhões de pessoas da miséria absoluta e da fome, mas ainda tem oito milhões de pessoas em tal condição.
Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que entre 713 e 757 milhões de pessoas podem ter enfrentado a fome em 2023 e que o mundo está longe do objetivo de erradicar a fome até 2030.
Em contrapartida, o número de bilionários bateu recorde. Em abril deste ano, eram 2.781 pessoas neste grupo seleto de pessoas. A concentração de renda também aumentou: cerca de % da população mundial ganha 48% do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta.
Para reduzir a desigualdade social, o professor do Departamento de Economia da University of Leeds e doutor em Economia pela University of Massachusetts at Amherst, Guilherme Klein, sugeriu medidas no programa Nova Economia, da TVGGN, em especial a taxação de grandes fortunas.
Já foi aprovada, em mais de 140 países, a tributação de 2% por ano para os milionários. Porém, ainda que os países não precisem, necessariamente, passar a exigir tal resolução imediatamente, é importante haver cooperação internacional neste sentido.
O economista defende ainda a taxação sobre lucros e dividendos, enquanto a população com renda de até R$ 5 mil seria isenta do pagamento do Imposto de Renda, conforme a promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O que a gente tem de impacto na desigualdade? Bom, primeiro, se olharmos pelo ponto de vista de quanto que as pessoas pagam o imposto, então, a alíquota efetiva, o 1% do Brasil paga muito pouco. Então, qualquer medida que aumente isso, por esse aspecto, reduz a desigualdade. Outro que conseguiria reduzir a desigualdade é a taxação de lucros e dividendos. Um terceiro é a taxação dos milionários. Porque no Brasil, quem deduz no imposto de renda saúde e educação privada é o que a gente poderia considerar aqui sociologicamente, digamos, uma classe média, mas quando a gente olha na distribuição de renda, é o topo da distribuição. Então, a gente tem um pouco ali que quase 80% dessas deduções ficam nesse grupo do meio até o 1% do topo. Então, se você taxar isso, se você colocar o fim dessas deduções, você diminui a desigualdade? Diminui, porque você está afetando esse grupo que está no topo da distribuição”, explica.
Klein explica ainda que taxas lucros e dividendos é importante porque 78% deste montante está nas mãos do 1% mais rico do país. Ao não tributá-los, o governo assume um custo tributário, quando deixa de arrecadar impostos, e transforma o que poderia ser uma fonte de receita em despesa.
Fonte: Jornal GGN