Oposição faz ato na Câmara contra mortes por Covid e em defesa do impeachment

Nesta última terça-feira (22) foi dia de protestos para a oposição na Câmara Federal, cujos deputados fizeram ato no plenário da Casa contra as mais de 500 mil mortes por coronavírus. Eles espalharam cruzes com laços pretos para simbolizar os brasileiros mortos durante a pandemia e, em ação coordenada de pronunciamentos, subiram o tom das críticas contra o governo Bolsonaro.

O líder da Minoria, Marcelo Freixo (PSB-RJ), o deputado se filiou formalmente ao PSB na terça-feira (22), disse que o ato foi organizado para pedir ações em defesa da vacina e contra Jair Bolsonaro.

“O que estamos aqui dizendo é que é preciso dar um basta em um governo absolutamente irresponsável. Bolsonaro agiu de forma errada, por ideologia, negando a ciência e contrariando governadores”, criticou.

O líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou que o governo federal negou a gravidade da doença, provocou aglomerações e ridicularizou o uso de máscara. “Essas 500 mil mortes não foram por acaso, essas mortes não foram inevitáveis. A maior de todas as irresponsabilidades foi a recusa do governo de comprar vacina nos primeiros momentos em que nós poderíamos as ter comprado”, disse.

Ele ainda destacou as notícias de compra de imunizantes indianos em valores superfaturados. O caso está sob investigação da CPI da Pandemia no Senado e os envolvidos serão ouvidos pela comissão de inquérito.

“Nação está sem presidente”
Para o líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE), os brasileiros tiveram “a infelicidade de serem atingidos pela pandemia no período em que a Nação está sem presidente”. “O presidente da República é um homem doente, que está levando o País ao caos. É evidente que o País não pode continuar com Bolsonaro, não podemos aceitar um presidente como esse que comete um genocídio contra o povo brasileiro”, disse.

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) disse que deputados se uniram em luto contra os milhões de brasileiros atingidos pela pandemia na certeza de que as mortes poderiam ser evitadas por ações governamentais. “A mentira que o governo repete todo dia é que vai comprar 400 milhões de vacinas e que isso acaba o problema. Elas deveriam ter sido compradas lá atrás para evitar esse registro tão dramático de 500 mil mortes”, disse.

Pedidos de impeachment
Ela lamentou ainda que governistas comemorem o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), mas se esquecem do crescimento da fome, da miséria, do desemprego, do aumento do preço dos combustíveis e dos produtos da cesta básica. “Que possamos fazer que a Câmara compreenda que não pode haver mais de 100 pedidos de impeachment e continuarmos calados”, destacou.

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) defendeu a aprovação de projeto que permite a votação de requerimento de urgência para impeachment. Se aprovado, o presidente da Câmara será obrigado a criar a comissão para analisar o tema. Hoje em dia, apenas o presidente da Câmara tem o poder de dar seguimento ao pedido de afastamento do presidente da República.

Governo
Na sessão de segunda-feira (21), o líder do governo, deputado Ricardo Barros (PP-PR), foi à tribuna ressaltar as ações do governo federal durante a pandemia. “Registramos aqui a nossa solidariedade expressa, do Governo e dos Parlamentares da base do Governo, com as famílias enlutadas por nossos compatriotas que foram contaminados pela Covid-19 e faleceram”, disse.

A sessão plenária de segunda-feira, não se pode esquecer, foi convocada extraordinariamente para votar as emendas aprovadas no Senado, na semana passada, à MP que permite ao governo privatizar a Eletrobrás, maior empresa estatal do setor energético; setor estratégico da economia.

Pelo projeto aprovado que vai à sanção presidencial, o modelo prevê a emissão de ações a serem vendidas no mercado, aumentando o capital social sem participação da empresa. Isso resultará em perda do controle acionário da União. A empresa vale em torno de R$ 370 bilhões e o preço de venda colocado pelo governo é de R$ 25 bilhões.

A Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 6,4 bilhões em 2020 e Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente de R$ 14 bilhões, demonstrando a robustez e a liquidez da companhia mesmo em ano marcado pela pandemia de Covid-19.

A propósito, apenas um deputado se inscreveu para defender o projeto: o líder do governo, Ricardo Barros. Segundo ele, o texto assegura “mais investimento, mais geração de empregos, mais competência do sistema”. “O projeto é tão bom que os governistas não querem vir aqui defendê-lo”, ironizou a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente nacional do PT. (Com informações da Agência Câmara)

Fonte: Diap