Ministro da Saúde diz que lançará “em breve” protocolo para médicos receitarem cloroquina

Há um mês no comando do Ministério da Saúde, Queiroga diz que “é o desejo do presidente da República de que os médicos tenham a autonomia de tomar as melhores decisões para seus pacientes”

Em entrevista a Paulo Cappelli, no jornal O Globo, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que foi alçado ao comando da pasta há um mês, afirmou que vai atender o desejo de Jair Bolsonaro e deve lançar “em breve” um protocolo autorizando médicos a receitarem medicamentos sem comprovação científica, como cloroquina e ivermectina, no tratamento da Covid-19.

Queiroga diz que vai submeter “à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS (Conitec) a análise de todos os fármacos que se usam no tratamento da Covid-19, qualificando a evidência científica que há em relação a cada um deles”.

“Esse protocolo é um guia. Uma recomendação. E quando aprovado pela Conitec, vai ser publicado no Diário Oficial e virar uma política pública”, afirmou.

Ao detalhar a proposta, o ministro diz que “é o desejo do presidente da República de que os médicos tenham a autonomia de tomar as melhores decisões para seus pacientes”.

“Sabemos que a Covid foi descoberta no final de 2019 e, àquela época, não havia tratamento específico e ainda hoje não há tratamento específico. Várias medicações foram aventadas entre elas essas que você citou (cloroquina e ivermectina). Hoje há consenso amplo de que essa medicação em pacientes com Covid grave, em grau avançado, não tem ação, embora em pacientes no estágio inicial, existem alguns estudos observacionais que mostram alguns benefícios desses dois fármacos que você citou. É uma questão técnica que médicos avaliam e, aí, tomam a decisão em relação à prescrição”, complementou Queiroga.

O ministro diz que tem “vários estudos observacionais”, sem citar quais, que comprovam certa eficácia de alguns medicamentos e tratamentos contra a Covid-19 e questiona: “o que é comprovação científica?”.

“Existem níveis de evidência científica. Níveis. Nível A: evidência construída com estudos randomizados. Então você tem vários estudos randomizados testando aquela conduta. Quando você tem vários estudos, e esses vários estudos são incluídos no que chamamos de meta-análise, isso gera evidência uma A, que é a melhor evidência científica que nós temos. Mas, na nossa prática médica, nem tudo é feito com base em evidência nível A. Na evidência Nível B, tem estudo randomizado metodologicamente bem feito. Isso é uma evidência Nível B. Evidência Nível C: é a opinião pessoal do médico. Você diz “doutor, o que você acha?”. Estudos observacionais são evidências mais fracas, nível C. Mas não quer dizer que não possam ser empregadas”, respondeu o próprio Queiroga.

FONTE: REVISTA FÓRUM
FOTO:  Tony Winston/MS