Nova variante do coronavírus é descoberta em meio ao descontrole da pandemia

Nova variante do coronavírus foi detectada em Sorocaba e está em estudo. Ela possui mutações semelhantes às das variantes de Manaus e da África do Sul

O governo de São Paulo confirmou hoje (31) que uma nova variante do coronavírus foi encontrada em Sorocaba, no interior paulista. Seria uma evolução da variante de Manaus (P.1) com semelhanças com as mutações da variante da África do Sul, no entanto o paciente não tem qualquer histórico de viagem ou contato com viajantes daquele país. O que indica que a evolução teria se dado no contágio descontrolado ocorrido no estado desde janeiro, enquanto o governador João Doria (PSDB) evitava decretar quarentenas mais restritivas e dizia que a situação estava sob controle.

“Em Sorocaba, foi identificada uma variante, que foi submetida ao trabalho de mapeamento genético. É uma variante assemelhada à da África do Sul, embora não haja histórico de viagem ou de contato do paciente com viajantes à África do Sul. Então, também existe a possibilidade de que seja já uma evolução da nossa variante P.1, em direção a essa mutação existente na África do Sul”, disse o presidente do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas. Dimas disse que o caso ainda está sob análise e ainda não é possível saber se é um caso isolado ou se mais pessoas já foram contaminadas por essa nova variante do coronavírus.

Segundo o Butantan, a nova variante do coronavírus se assemelha com as mutações da B.1.351, chamada variante da África do Sul. Essa mutação produz um significativo aumento da carga viral nas pessoas infectadas, aumentando o potencial de transmissão. Essa cepa também é resistente aos anticorpos de doença anterior. A B.1.1.28, chamada de variante de Manaus (P.1), já concentrava algumas variações da África do Sul e também da variante B.1.1.7, do Reino Unido, tornando-a mais resistente e mais infecciosa.

Nova variante do coronavírus e colapso

A descoberta de uma nova variante do coronavírus preocupa ainda mais em um momento em que o sistema de saúde do estado de São Paulo vive uma situação de colapso há semanas. Nesta quarta-feira, o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirmou que está havendo uma desaceleração no aumento de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI), mas os números continuam crescendo.

Hoje há 31.191 pessoas internadas com covid-19, sendo 12.975 em UTI e 18.216 em enfermarias. É o maior número de toda a pandemia. No entanto, nos últimos dois dias, o número de novas internações ficou abaixo de 3 mil pela primeira vez desde 17 de março. São quatro dias de diminuição no número de novas internações. A primeira sequência consistente desde 16 de fevereiro. Mesmo assim, o número de internações cresceu 10% nos últimos 7 dias.


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A taxa de ocupação de UTI no estado está em 92,2%, indicando certa estabilidade na última semana. No entanto, também tem ocorrido demora na transferência de pacientes para leitos de UTI, o que indica que a estabilidade se dá também por falta de leitos. Desde o dia 15 de março, 230 pessoas morreram de covid-19 aguardando leitos de UTI, apenas na Grande São Paulo. São Paulo já registrou 1.500 pacientes na fila de espera por UTI.

Nas Diretorias Regionais de Saúde, a situação ainda é grave. Em 12 das 17 regiões, a ocupação de UTI segue acima de 90%. Nas cinco restantes, segue acima de 85%. A pior situação hoje está nas regiões de Araraquara, Sorocaba e São João da Boa Vista, com mais de 96% dos leitos ocupados, e Bauru, com 98%.

São Paulo também segue registrando aumento de novos casos de covid-19. A média na última semana foi de 16 mil casos registrados por dia, o que pode levar a uma nova onda de internações nos próximos dias. A média diária de mortes também segue crescendo, com aumento de 25,6% na última semana. O estado registrou mais de mil mortes diárias em vários dias na última semana e a média diária atual é de 619 óbitos.

FONTE: REDE BRASIL ATUAL
FOTO: Wikimedia Commons